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O PADROEIRO

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São Jorge é certamente um dos santos mais populares em todo o mundo. Sua história é permeada de lendas e fatos que não puderam ser comprovados com toda autenticidade, devido a sua antiguidade. Existe a comprovação da existência real de um mártir chamado Jorge, sepultado na Palestina, na cidade Dióspolis, atual Lida, onde se originou seu culto.

 

No ano de 303 d.C. o Imperador Caio Diocleciano publicou a famosa série de decretos imperiais de perseguição aos cristãos e que massacrou milhares de homens, mulheres e crianças, o que tornou seu tempo de governo conhecido como “Era dos Mártires”. Dentre os vários decretos promulgados, proclamou um édito ordenando a prisão de todo soldado romano cristão que não reverenciasse os deuses romanos. Jorge manteve-se fiel ao cristianismo e procurou secretamente, valendo-se de sua posição privilegiada no exército, ajudar aos mártires e suas famílias.

 

Talvez a lenda mais popular relacionada a São Jorge e que se transformou no seu símbolo mais conhecido, seja aquele que fala de sua vitória contra o dragão. Segundo os relatos lendários, durante uma expedição militar na região da Líbia, no norte da África, Jorge e sua milícia chegaram ao reino de Silene. Então se depararam com uma triste realidade: o reino estava sendo assolado por um terrível dragão. A fera, que vivia num pântano próximo, já havia consumido todos os rebanhos da região e agora só era aplacado com sacrifícios humanos. O Rei havia instituído um sorteio para escolher as vítimas do sacrifício e naquele dia, sua própria filha, a princesa, fora escolhida. Quando a moça ia sendo conduzida para cumprir seu triste destino, Jorge se apresentou ao Rei e prometeu salvar o reino e a vida de sua filha, matando o dragão. Para isso, exigiu do Rei o cumprimento e quatro coisas: a conversão e o batismo de todo o povo de Silene; a destruição do templo e dos ídolos pagãos; o zelo pelo culto divino; e a compaixão pelos pobres e sofredores.

 

Jorge acompanhou a princesa até o local do sacrifício, um pântano afastado da cidade. Chegando lá enfrentou o dragão, com grande coragem e venceu, ferindo-o de morte. Tomou então o cinto da princesa e amarrou com ele o dragão, forçando-o a segui-la docilmente até Silene. Então lá à vista de todo povo, o transpassou com a lança, matando-o. Naquele dia todo povo de Silene, começando do Rei e da Princesa, se deixou batizar e abraçou a fé cristã. Jorge voltou para Roma, mas o seu feito heroico o tornou famoso em todo o Império.

 

As tradições acerca de São Jorge afirmam que ele foi chamado pelo Imperador Diocleciano à sua presença no ano de 303. Não se sabe ao certo se ele sofreu o martírio na cidade de Nicomédia da Bitinía, onde ficava a sede do Império Romano do Oriente ou em Dióspolis (Lida), na Palestina. O certo é que no Festival das Vinalias do ano de 303 d.C. ele professou a fé cristã publicamente diante do Imperador Caio Diocleciano e do Governador Daciano, por se recusar a torturar um grupo de cristãos que havia sido preso. Declarando-se cristão diante de todos, para espanto do próprio Imperador, que o admirava e o considerava um herói, Jorge foi preso e julgado.

 

No julgamento, respondeu com fé e sabedoria ao interrogatório, repudiando a crenças nos deuses pagãos e renegando as sedutoras promessas de glórias e riquezas caso renegasse a fé cristã. Isso irritou ao Imperador, que o submeteu a cruéis torturas. Jorge foi amarrado, espancando com cacetes e torturado com ferros em brasa. Lançado na masmorra, durante a noite o próprio Jesus apareceu-lhe glorioso e acompanhado de coros de anjos e o curou de suas feridas, exortando-o a continuar fiel. Jorge então se reapresentou aos algozes em toda sua excelente forma física, para espanto de todos.

 

Torturado de vários modos, seu martírio aos poucos foi ganhando mais e mais notoriedade; a cada vitória sobre as torturas, Jorge ia convertendo mais e mais soldados e pessoas que o assistiram. A própria esposa de Daciano, Teodósia, acreditou no poder do Deus dos cristãos e tentou interceder por ele, em vão. Jorge, para provar a todos o invencível poder de Cristo fez chover fogo do céu sobre o principal Templo da cidade, destruindo-o e mantando centenas de pagãos que pediam sua morte.

 

O Imperador, contrariado, chamou um mago para acabar com a força de Jorge. O Cruel feiticeiro preparou então um veneno poderoso e letal, mas o santo tomou duas poções e nada lhe aconteceu. O feiticeiro juntou-se à lista dos convertidos, assim como a própria esposa do imperador, Priscila (mais tarde canonizada como Santa Priscila ou Prisca de Roma). O feiticeiro então foi martirizado, pedindo perdão a Deus e confessando sua fé. Estas duas últimas “traições” levaram o Imperador Caio Diocleciano a mandar degolar o ex-soldado, como convinha aos nobres romanos da época. O próprio Governador Daciano, em pessoa, quis cumprir a ordem. E no dia 23 de abril de 303 d.C. Jorge de Anici foi decapitado. Como castigo, ao sair do local da execução, Daciano foi fulminado por um raio.

 

Os cristãos levaram o corpo de Jorge e o sepultaram com grandes honras e uma Igreja foi erguida no local de seu sepulcro, que acredita-se seja em Lida, na atual Palestina. São Jorge foi contemporâneo de outros importantes mártires da Igreja, como Santa Inês de Roma, Santa Luzia, Santo Expedito e São Tarcísio, dentre muitos outros que também sucumbiram durante as perseguições de Diocleciano. 

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